Down e Darwin

"Foi Jean Esquirol (1838) quem faz a primeira descrição de uma criança que, presume-se, seja uma pessoa com Síndrome de Down. Em 1846, Edouard Seguin descreve um paciente cujas feições sugerem Síndrome de Down, denominando-o como alguém com “idiotia furfurácea”. Duncan (1866) descreve uma menina com características semelhantes às pessoas com Síndrome de Down: cabeça pequena, olhos amendoados e uma língua grande projetada para fora da boca, com uma fala bastante limitada (PUESCHEL, 1993).

Foi, no entanto, John Langdon Down quem primeiro escreveu e publicou, em
1866, um trabalho que registrava algumas das características clássicas da Síndrome que hoje leva seu nome. O grande mérito desse pesquisador está não só na identificação das características físicas da criança com Síndrome de Down, como também na diferenciação desta de outras crianças que possuíam deficiência mental, como cretinismo (desordem congênita da tireóide). Esse cientista contemporâneo do século XIX teve seus estudos fundamentados na teoria de Charles Darwin, que versava sobre a “A origem das espécies” e, por isso, compreendeu que a aparência oriental poderia ser um retorno a um tipo racial primitivo, criando então o termo “mongolismo” e, para melhor descrever a condição, denominou de “idiotia mongolóide”. No entanto, hoje esse termo é considerado incorreto e deve serevitado (PUESCHEL, 1993).

Os registros subseqüentes sobre a Síndrome de Down só apareceram uma
década depois, quando os cientistas J. Frase e A. Mitchell relatam, num evento em Edimburgo (1975), as conclusões de observações feitas em 62 pessoas com Síndrome de Down, que apresentavam braquicefalia (pescoço encurtado), cujas mães apresentavam idade avançada quando deram a luz a essas crianças. Esses pesquisadores chamaram os pacientes nessas condições de “idiotas Kalmuck” (PUESCHEL, 1993).

As observações sobre a maior freqüência de doença cardíaca congênita em
pessoas com Síndrome de Down datam no final do século XIX. Smith (1896) descreveu a mão da pessoa que tem Síndrome de Down, tendo observado a curva para dentro no dedo mínimo (PUESCHEL, 1993).

É, no entanto, no início do século XX, que os relatórios médicos foram
descrevendo detalhes adicionais de condições anormais observados nas pessoas com Síndrome de Down e discutindo as possíveis causas. Na medida em que a tecnologia evoluiu, também a medicina e as pesquisas foram beneficiadas por esses avanços. Por isso, a partir de 1950 (PUESCHEL, 1993), foi possível um estudo mais preciso sobre os cromossomos humanos, quando então o pesquisador Lejeune descobre que as pessoas com Síndrome de Down têm um cromossomo extra no par 21 (PUESCHEL, 1993)."

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É isso!

Fonte:
MARIA ALCIONE MUNHÓZ: “A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA PARA AS POSSIBILIDADES DE INCLUSÃO DAS CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN” (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Doutora em Educação. Orientadora: Profª Drª Beatriz Vargas Dorneles). Porto Alegre, 2003.

Nota:
A imagem e o título inseridos no texto não se incluem na referida tese.

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