A "lista negra" de Darwin

Em seu livro "A Origem do Homem", Charles Darwin divide a sociedade em dois grupos distintos: os membros superiores e os membros inferiores. Segundo ele, para que uma determinada nação alcance um elevado nível de "progresso", faz-se necessário que se freie o crescimento da "classe degradada". Neste livro, citando o seu primo Francis Galton, o construtror da eugenia, Darwin faz menção de alguns tipos específicos de pessoas as quais deveriam ser impedidas de deixar descendentes, "contribuindo" assim para o progresso da sociedade. Vejamos alguns exemplos:

1. Os malfeitores: "
No que diz respeito às qualidades morais, a eliminação das piores disposições está sempre aumentando também nas nações mais civilizadas. Os malfeitores são justiçados ou lan­çados na prisão durante longos períodos, a fim de não poderem transmitir livremente as suas más qualidades."

2. Os hipocondríacos (loucos ou doentes mentais): "Os hipo­condríacos e os loucos são confinados ou suicidam-se".

3. Os violentos (briguentos): "Os vio­lentos e os briguentos encontram muitas vezes um triste fim".

4. Os vadios: "Os vadios que não têm nenhuma ocupação estável — e este resto de barbárie representa um grande obstáculo para a ci­vilização — emigram para países há pouco colonizados, onde se transformam em úteis pioneiros.

5. Os imprudentes (intemperantes): "A intemperança é tão altamente destrutiva que a perspectiva de vida de um intemperante, por exemplo na idade de trinta anos, é de ape­nas 13,8 anos; ao passo que para os camponeses ingleses na mesma idade é de 40, 59 anos".

6. As prostitutas ("mulheres corrompidas"): "As mulheres corrompidas geram poucos filhos..."

7. Corruptos: "...e os homens corruptos raramente se ca­sam; tanto elas como eles são vítimas de doenças".

8. Os marginalizados (pobres, negligentes, viciados etc.): "
Greg e Galton muito têm insistido sobre o obstáculo mais importante, existente nos países civilizados, contra o au­mento do número dos homens de classe superior, isto é, sobre o fato de que os mais pobres e os negligentes, que frequen­temente são degradados pelo vício, quase invariavelmente se casam antes, enquanto que os prudentes e os frugais, que em geral são virtuosos também em outras maneiras, contraem matrimónio em idade avançada, com a finalidade de poderem ser capazes de permanecer, eles mesmos e os seus filhos, na comodidade."

9. O irlandês (simbolizando os inimigos da Inglaterra): "Ademais, os filhos que são gerados da mãe du­rante os primeiros anos de vida são mais gordos e, provavel­mente, mais robustos do que aqueles que nascem em outros períodos. É o que se dá com os membros negligentes da so
ciedade, degradados e muitas vezes viciados, os quais têm a tendência de aumentar a uma porcentagem mais veloz do que os membros previdentes e em geral virtuosos. Ou, nas palavras de Greg: "O irlandês imprevidente, esquálido, sem ambi­ções, multiplica-se como os coelhos; o escocês frugal, previ­dente, cheio de auto-respeito, ambicioso, austero na sua mo­ralidade, espiritualista nas suas opiniões, sagaz e disciplina­do na sua inteligência, passa os seus melhores anos na luta e no celibato, casa-se tarde, gera poucos filhos" [...] Os notáveis êxitos dos ingleses como colonizadores, em comparação com outras nações europeias, foram atribuídos à sua "energia audaz e persistente"; um resultado que ficou bem evidenciado ao comparar o progresso dos canadenses de extração inglesa e francesa; mas, quem pode dizer como é que os ingleses adquiriram a sua energia? Aparentemente existe muita verdade na opinião de que os maravilhosos progressos dos Estados Unidos e o caráter deste povo são o resultado da seleção natural; com efeito, os homens mais enérgicos, irrequietos e corajosos de todas as parte da Europa emigraram durante as últimas dez ou doze gerações para esse grande país e lá tiveram o melhor êxito".

Fonte:
CHARLES DARWIN: "A Origem do Homem e a Seleção Sexual". Hemus Editora. 1974, p. 64-71.


É isso!

Thomas Huxley: "o grande puxa-saco de Darwin"

O texto a seguir, escrito por Thomas Huxley uma semana após a morte de Charles Darwin, faz jus à famosa alcunha ("Bulldog de Darwin") que recebeu por sua fidelidade absoluta ao naturalista inglês:

"Conversar com Darwin trazia sempre a lembrança de Sócrates. Havia o mesmo desejo em encontrar alguém mais sábio do que ele; a mesma crença na soberania da razão; o mesmo bom humor imediato; o mesmo interesse colaborativo em todas as formas e trabalhos dos homens. Em vez de desistir a respeito dos problemas da Natureza, considerando-os impossí veis de solução, nosso filósofo moderno dedicou sua vida inteira em atacá-los com o mesmo espírito de Heráclito e de Demócrito, cujos resultados são a substância da qual suas especulações eram apenas sombras auspiciosas.

Neste momento, a devida apreciação ou até mesmo a enumeração desses resultados não é praticável, tampouco desejável. Há um tempo para cada coisa - um tempo para nos glorificarmos em nossas constantes con quistas sobre o reino da Natureza e um tempo para chorar nossos heróis que nos lideraram nessas vitórias.

Ninguém lutou melhor, assim como ninguém foi mais afortunado do que Charles Darwin. Ele encontrou uma grande verdade que foi pisada e ultrajada por ignorantes, e ridicularizada por todo o mundo. Mas ele viveu o suficiente para vê-la, mormente por meio de seus próprios esforços, esta belecida de maneira irrefutável na ciência, incorporada de maneira inseparável dos pensamentos comuns dos homens e odiada e temida pelas pessoas que a prejudicariam, mas não ousariam desafiá-la. O que um homem poderia desejar mais? Uma vez mais, a imagem de Sócrates surge de repente e o nobre epílogo da
Apologia soa em nossos ouvidos como se fosse o adeus de Charles Darwin:

"A hora da partida chegou e seguimos nossos caminhos - eu para morrer e vocês para viverem. Qual é o melhor? Somente Deus sabe!".

Fonte:
Thomas Henry Huxley: "Darwiniana: 'A Origem das Esécies' em debate". Madras Editora. tradução: Fulvio Lubisco. São Paulo, 2006.

É Isso!

Humor Darwinista: "um elogio às diferenças"

É isso!

Charles Darwin e Friederich Engels: confronto ideológico

Ao ler "A Origem das Espécies", de Charles Darwin, Karl Marx escreveu para Friederich Engels: “neste livro se encontra o fundamento histórico-natural de nossa idéia". Mas, afinal, o que exatamente Marx e Engels encontraram em Darwin que oferecesse respaldo à ideologia socialista?

Grosso modo, uma poderosa arma contra os dogmas religiosos. Lembrando que, para Marx "a religião era o ópio do povo" e, igualmente, um instrumento a serviço da manipulação capitalista. Ao "transformar" o homem num animal, ou seja, ao lhe tirar o mérito de ter sido uma criação especial divina ("o homem descendeu de alguma forma menos orga­nizada" - "A Origem do Homem"), Charles Darwin abriu as trincheiras para uma nova forma de "pensar" o ser humano, oferecendo como substituição às especulações metafísicas, o seu mais absoluto materialismo filosófico. Darwin, ao contrário de Alfred Wallece, que não admitia a mente humana como resultado da Seleção Natural, aplicou resolutamente seu materialismo à teoria da evolução de todos os fenômenos da vida, inclusive ao que ele mesmo denominou "a própria cidadela", ou seja: mente humana: "Muitas de suas declarações mostram que esposava mas temia expor princípios de algo que sabia ser muito mais herético que a própria evolução: o materialismo filosófico — o postulado de que a matéria é tudo na existência e de que todos os fenómenos mentais e espirituais são subprodutos dela. Nenhuma noção poderia ser mais inquietante para as arraigadas convicções do pensamento oci­dental do que a declaração de que a mente — por mais complexa e po­derosa que seja — é um simples produto do cérebro" (GOULD, "Darwin os Grandes Enigmas da Vida", p. 14).

Em suas muitas obras, Engels, especificamente, sempre faz menção de conceitos darwinistas com os quais busca "enfeitar seu pavão socialista".

Em
"A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", por exemplo, citando as "fases do progresso humano", escreveu:
"Estado selvagem:
Infância do gênero humano. Os homens permaneciam, ainda, nos bosques tropicais ou subtropicais e viviam, pelo menos parcialmente, nas árvores; só isso explica que continuassem a existir, em meio às grandes feras selvagens. Os frutos, as nozes e as raízes serviam de alimento; o principal progresso desse período é a formação da linguagem articulada. Nenhum dos povos onhecidos no período histórico estava nessa fase primitiva de evolução. E, embora esse período tenha durado, provavelmente, muitos milênios, não podemos demonstrar sua existência baseando-nos em testemunhos diretos; mas, se admitimos que o homem procede do reino animal, devemos aceitar, necessariamente, esse estado transitório."

E, mais adiante:
"Talvez a
evolução superior dos arianos e dos semitas se deva à abundância de carne e leite em sua alimentação e, particularmente, pela benéfica influência desses alimentos no desenvolvimento das crianças. Com efeito, os índios "pueblos" do Novo México, que se vêem reduzidos a uma alimentação quase exclusivamente vegetal, têm o cérebro menor que o dos índios da fase inferior da barbárie, que comem mais carne e mais peixe. Em todo caso, nessa fase desaparece, pouco a pouco, a antropofagia, que não sobrevive senão como um rito religioso, ou como um sortilégio, o que dá quase no mesmo".

E, por fim:
"Como vimos, há três formas principais de matrimônio, que correspondem aproximadamente aos três estágios fundamentais da evolução humana. Ao estado selvagem corresponde o matrimônio por grupos, à barbárie, o matrimônio sindiásmico, e à civilização corresponde a monogamia com seus complementos: o adultério e a prostituição. Entre o matrimônio sindiásmico e a monogamia, intercalam-se, na fase superior da barbárie, a sujeição aos homens das mulheres escravas e a poligamia".

Já em "Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem", discorreu: "O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem. Há multas centenas de milhares de anos, numa época, ainda não estabelecida em definitivo, daquele período do desenvolvimento da Terra que os geólogos denominam terciário provavelmente em fins desse período, vivia em algum lugar da zona tropical - talvez em um extenso continente hoje desaparecido nas profundezas do Oceano Índico - uma raça de macacos antropomorfos extraordinariamente desenvolvida. Darwin nos deu uma descrição aproximada desses nossos antepassados. Eram totalmente cobertos de pelo, tinham barba, orelhas pontiagudas, viviam nas árvores e formavam manadas".

E, para finalizar, faço menção ainda deste trecho de "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico", com qual pinça superficialmente a razão porque toma de empréstimo a Darwin: "Aqui é necessário citar Darwin, em primeiro lugar, quem, com sua prova de que toda a natureza orgânica existente, plantas e animais, e entre eles, como é lógico, o homem, é o produto de um processo de desenvolvimento de milhões de anos, assestou na concepção metafísica da natureza o mais rude golpe. Até hoje, porém, os naturalistas que souberam pensar dialeticamente podem ser contados com os dedos, e esse conflito entre os resultados descobertos e o método discursivo tradicional põe a nu a Ilimitada confusão que reina presentemente na teoria das ciências naturais e que constitui o desespero de mestres e discípulos, de autores e leitores".

Para Engels, portanto, Darwin assestou (assestar: apontar ou dirigir para atirar - com arma) um golpe fulminante nas ideais daqueles que viam na Natureza nada mais do que o resultado da atuação das mãos divinas.

É isso!

Seleção Natural como sinônimo de "sobrevivência do mais apto"

Por: Charles Darwin, em "A Origem das Espécies":

"Pode ainda perguntar-se como é que as variedades, que eu chamo espécies nascentes, acabaram por se converter em espécies verdadeiras e distintas, as quais, na maior parte dos casos, diferem evidentemente muito mais umas das outras que as variedades de uma mesma espécie; como se formam estes grupos de espécies, que constituem o que se chamam gêneros distintos, e que diferem mais uns dos outros que as espécies do mesmo gênero? Todos estes efeitos, como explicaremos de maneira mais minuciosa no capítulo seguinte, dimanam de uma causa: a luta pela existência. Devido a esta luta, as variações, por mais fracas que sejam e seja qual for a causa de onde provenham, tendem a preservar os indivíduos de uma espécie e transmitem-se ordinariamente à descendência logo que sejam úteis a esses indivíduos nas suas relações infinitamente complexas com os outros seres organizados e com as condições físicas da vida. Os descendentes terão, por si mesmo, em virtude deste fato, maior probabilidade em persistir; porque, dos indivíduos de uma espécie nascidos periodicamente, um pequeno número pode sobreviver. Dei a este princípio, em virtude do qual uma variação, por insignificante que seja, se conserva e se perpetua, se for útil, o nome de seleção natural, para indicar as relações desta seleção com a que o homem pode operar. Mas a expressão que M. Herbert Spencer emprega: «a persistência do mais apto», é mais exata e algumas vezes mais cômoda. Vimos que, devido à seleção, o homem pode certamente obter grandes resultados e adaptar os seres organizados às suas necessidades, acumulando as ligeiras mas úteis variações que lhe são fornecidas pela natureza. Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte" (p. 76).

"Se se admite este fato, poderemos duvidar (é preciso lembrar que nascem mais indivíduos do que aqueles que podem viver) que os indivíduos possuindo uma vantagem qualquer, por mais ligeira que seja, tenham probabilidade de viver e de reproduzir-se? Podemos estar certos, por outro lado, que toda a variação, por menos nociva que seja ao indivíduo, traz forçosamente o desaparecimento deste. Dei o nome de seleção natural ou de persistência do mais apto à conservação das diferenças e das variações individuais favoráveis e à eliminação das variações nocivas. As variações insignificantes, isto é, que não são nem úteis nem nocivas ao indivíduo, não são certamente afetadas pela seleção natural e permanecem no estado de elementos variáveis, como as que podemos observar em certas espécies polimorfas, ou terminando por se fixar, graças à natureza do organismo e às das condições de existência" (p.
94).

"
Desde que o homem pode obter e certamente obteve grandes resultados por meios metódicos e inconscientes de seleção, onde pára a ação da seleção natural? O homem pode apenas agir sobre os caracteres exteriores e visíveis. A natureza, se me permitem personificar com este nome a conservação natural ou a persistência do mais apto, não se ocupa de modo algum das aparências, a não ser que a aparência tenha qualquer utilidade para os seres vivos. A natureza pode atuar sobre todos os órgãos interiores, sobre a menor diferença de organização, sobre todo o mecanismo vital. O homem tem apenas um fim: escolher para vantagem de si próprio; a natureza, ao contrário, escolhe para vantagem do próprio ser. Dá pleno exercício aos caracteres que escolhe, o que implica o fato único da sua seleção" (p.97).

"
Mas, se as variações úteis a um ser organizado qualquer se apresentam algumas vezes, seguramente os indivíduos que disso são o objeto têm a melhor probabilidade de vencer na luta pela existência; pois, em virtude do princípio tão poderoso da hereditariedade, estes indivíduos tendem a deixar os descendentes tendo o mesmo caráter que eles. Dei o nome de seleção natural a este princípio de conservação ou de persistência do mais apto. Este princípio conduz ao aperfeiçoamento de cada criatura relativamente às condições orgânicas e inorgânicas da sua existência; e, por conseguinte, na maior parte dos casos, ao que podemos considerar como um progresso de organização. Todavia, as formas simples e inferiores persistem muito tempo quando são bem adaptadas às condições pouco complexas da sua existência" (p.145).

"
Se quisermos comparar o olho a um instrumento óptico, devemos imaginar uma camada espessa de um tecido transparente, embebido de líquido, em contato com um nervo sensível à luz; devemos supor também que as diferentes partes desta camada mudam constantemente e lentamente de densidade, de forma a separar-se em zonas, tendo uma espessura e uma densidade diferentes, desigualmente distantes entre si e mudando gradualmente de forma à superfície. Devemos supor, além disso, que uma força representada pela seleção natural, ou a persistência do mais apto, está constantemente espiando todas as ligeiras modificações que afetem camadas transparentes, para conservar todas as que, em diversas circunstâncias, em todos os sentidos e em todos os graus, tendem a permitir a perfeição de uma imagem mais distinta (p.201).

"
A seleção natural atuando somente pela vida e pela morte, pela persistência do mais apto e pela eliminação dos indivíduos menos aperfeiçoados, experimentei algumas vezes grandes dificuldades para me explicar a origem ou a formação de partes pouco importantes; as dificuldades são tão grandes, neste caso, como quando se trata dos órgãos mais perfeitos e mais complexos, porém são de uma natureza diferente" (p. 214).

"
O fato de poucas ou nenhumas modificações se produzirem depois do período glaciário teria algum valor contra os que crêem numa lei inata e necessária de desenvolvimento; mas é impotente contra a doutrina da seleção natural, ou da persistência do mais apto, porque esta implica a conservação de todas as variações e de todas as diferenças individuais e vantajosas que surjam, o que somente pode acontecer em circunstâncias favoráveis" (p. 229).

"
Ora pois, se as plantas e os animais variam tão lentamente e tão pouco, porque colocaremos nós em dúvida que as variações ou as diferenças individuais, que são de qualquer forma proveitosas, não possam ser conservadas e acumuladas pela seleção natural, ou persistência do mais apto? Se o homem pode, com paciência, separar as variações que lhe são úteis, porque razão, nas condições complexas e alteradoras da existência, não hão de surgir variações vantajosas para as produções vivas da natureza susceptíveis de ser conservadas por seleção? Que limite pode fixar-se a esta causa que atua continuamente durante séculos, e vigiando rigorosamente e sem descanso a constituição, a conformação e os hábitos de cada ser vivo, para favorecer o que é bom e rejeitar o que é mau? (p. 533).

E há que diga que a Seleção Natural foi a idéia mais brilhante que existiu no mundo. Eta mundo besta, meu Deus! ((rs))

E isso!

Do "homo Habilis" ao "homo Sexualis"

Dentre as muitas bizarrices da teoria evolucionista, uma delas refere-se à estranha tentativa de se tentar "usar" Darwin a fim de explicar os mais variados tipos de comportamentos humanos. Especificamente em relação à homossexualidade, por exemplo, embora tal comportamento em termos evolutivos não apresente nenhuma "vantagem" (os homossexuais não geram filhos), já deram um jeito de "encontrar" nele um fundamento adaptativo e genético. Atribuindo-lhe um caráter adaptativo, E. O. Wilson justifica-o afirmando que a sociedade humana ancestral estava organizada em unidades familiares inimigas. Algumas dessas unidades eram formadas exclusivamente por heterossexuais; outras unidades continham membros homossexuais que agiam como “ajudantes” na caça e na criação e cuidados das crianças. Ou seja, os homossexuais embora não tivessem filhos ajudavam a criar seus parentes geneticamente próximos. Desta forma, tal comportamento favorecia seus genes já que quanto maior a quantidade de parentes que ajudassem a criar, maior a probabilidade de transmitirem genes parecidos aos seus. Desta forma, as unidades que incluíam homossexuais acabaram prevalecendo sobre as que eram heterossexuais, o que explicaria a sobrevivência dos supostos “genes da homossexualidade” (GOULD, "A Falsa Medida do Homem", p. 349).

Todavia, segundo Stephen Jay Gould trata-se de uma estratégia perigosa, uma vez que não existe comprovadamente nenhum gene da homossexualidade. Assim, estando a especulação genética errada, o tiro pode sair pela culatra: "Se se defende um argumento dizendo que as pessoas foram diretamente programadas para ele, como se pode continuar a defendê-lo caso a especulação esteja errada?
O comportamento passaria a ser "não-natural" e digno de condenação. O melhor é ficar resolutamente com a posição filosófica da liberdade humana: o que adultos livres fazem entre si, em particular, é problema deles. Não precisa ser justificado — nem deve ser condenado — pela especulação genética” (GOULD, “Darwin e os Grandes Enigmas da Vida", p. 265).

É isso!

A "luta" de Nietzsche e Darwin

O que diferencia o conceito de "luta" do filósofo alemão Nietzsche daquele defendido pelo naturalista inglês Charles Darwin? Há algum aspecto em que a filosofia darwinista possa ser associada à filosofia nietzschiana?

Bem. Segundo o estudioso das obras de Nietzsche,
Wilson Antonio Frezzatti Junior, é equivocada a ligação do darwinismo à filosofia nietzschiana. Em "Equívocos a respeito de Nietzsche: o darwinismo, a eugenia e a democracia pós-moderna", ele rechaça com veemência esta pretensa associação entre ambos os filósofos:

"O darwinismo foi associado também indevidamente, a nosso ver, à filosofia nietzschiana. Acreditamos que a análise dessa questão nos trará elementos que indicarão a relação entre sua filosofia e a democracia e a eugenia. Em outras palavras, a comparação das noções nietzschianas e darwinianas de luta mostrará com mais clareza as características do conflito nietzschiano. Dessa forma, indicaremos que a filosofia de Nietzsche não pode ser confundida nem com o darwinismo, nem com a eugenia e nem com a concepção pós-moderna de democracia". [...] "A identificação do pensamento nietzschiano com a teoria da evolução de Darwin, para nós, é um equívoco. A noção de luta assume grande importância, pois, além de ter sido usada para aproximar os pensamentos de Nietzsche e Darwin, esse conceito tem servido para colocar a filosofia nietzschiana como fundamento da democracia pós-moderna ou da ideologia nazista. Mostraremos que, ao contrário da luta pela existência de Darwin, a luta nietzschiana ocorre por uma tendência a superação e não para conservação."

No que diz respeito propriamente ao conceito de "luta pela existência",
Frezzatti cita o fragmento póstumo de Nietzsche, intitulado “Anti-Darwin”, com o qual o filósofo alemão constata não o progresso da espécie humana, mas a prosperidade da mediocridade: “Vejo todos os filósofos, vejo a ciência de joelhos ante a realidade de uma luta pela vida ao contrário, tal como ensina a escola de Darwin – ou seja aqueles que comprometem a vida, o valor da vida, [...] O erro da escola de Darwin é, para mim, um verdadeiro problema: como pode ser tão cego que não percebe isso?” ((Nietzsche, fragmento póstumo 14 [123] da primavera de 1888).

Daí indaga o autor
: afinal, por que Nietzsche, em dezenas de aforismos ou fragmentos póstumos, preocupa-se em apontar os “erros” de Darwin e sua escola? A qual problema o filósofo refere-se como “verdadeiro problema”? E responde: "A luta é uma noção central tanto no pensamento de Darwin como no de Nietzsche. Se, na teoria darwinista, a seleção natural é o mecanismo da evolução, a luta é o motor da seleção. O subtítulo do famoso A origem das espécies é A preservação das raças favorecidas na luta pela vida: a seleção natural, produtora de novas espécies, é resultado da luta pela sobrevivência. Na filosofia de Nietzsche, a luta sempre teve um papel destacado, aparecendo de modo diferente conforme o período considerado. Neste artigo, nos ateremos às concepções que aparecem na produção da maturidade do filósofo, pois é nesse período que se concentra a maioria de seus textos “Anti-Darwin”.

Ainda segundo
Frezzatti, "o filósofo alemão, portanto, não nega a luta, mas recusa que ela ocorra para a conservação da vida, pois “o ser vivo quer de preferência dar livre curso a sua força – ele o ‘quer’ e o ‘necessita’ (as duas expressões têm para mim o mesmo peso!): a conservação é apenas uma conseqüência. O que os seres vivos buscam é mais potência, o que faz com que a luta seja pelo “mais”, pelo “melhor”, pelo “mais rápido” e pela “maior freqüência”. Ainda que, tanto para Nietzsche quanto para Darwin, a vida esteja baseada na luta, isso ocorre de modos diferentes. Para Darwin, a luta pela existência segue-se inevitavelmente da alta taxa de crescimento dos seres vivos, o que causa a situação de penúria identificada por Nietzsche como exceção. O naturalista inglês aplica a teoria de Thomas Robert Malthus ao reino animal e vegetal: são produzidos muito mais indivíduos do que é possível sobreviver, o que certamente produz a luta pela vida, seja de um indivíduo contra outro da mesma espécie ou de espécie diferente, ou ainda contra as condições físicas da vida. Porém, adverte Nietzsche: “Não se deve confundir a natureza com Malthus”. O impulso vital, para o filósofo alemão, não busca persistência na vida, mas aspira à extensão de sua potência, pela qual chega a sacrificar a própria conservação – a luta pela conservação, ao contrário, é uma exceção, uma restrição provisória da vontade de viver." E, mais adiante, continuando sobre o conceito de luta em Nietzsche, conclui o pesquisador nietzschiano: "A noção nietzschiana de luta não fica restrita ao mundo orgânico: ela passa a ser o que constitui a própria realidade ou a efetividade. Tudo que ocorre no mundo, ocorre por um processo de enfrentamento entre forças que tentam se intensificar. O indivíduo e o sujeito não são unidades, mas passam a ser entendidos como ficção psicológica e gramatical. O que chamamos de indivíduo é a resultante de uma luta interna entre as menores partes do organismo - células, tecidos e órgãos".

Fonte:
Wilson Aantonio Frezzatti Junior. "Equívocos a respeito de Nietzsche:o darwinismo, a eugenia e a democracia pós-moderna".

É isso!

A nova cara do ateísmo militante

Não é de hoje que venho alertando sobre o radicalismo da nova vertente ateísta militante, a qual tem se tornando um sério problema de convívio social, assim como certos grupos religiosos extremistas. Veja-se, por exemplo, esta recente notícia do site BBC:"Justiça britânica condena ateu por satirizar religiões".

Segundo o jornal,
Harry Taylor, um ateu militante de 59 anos, que deixou imagens explícitas satirizando figuras religiosas em uma sala de orações no aeroporto John Lennon, em Liverpool, foi sentenciado a seis meses de prisão. Dentre os cartazes que ele deixou estava uma imagem de Jesus Cristo sorrindo, crucificado e, ao lado, uma propaganda de uma cola que dispensa o uso de pregos. Em outro cartaz, diz a notícia: "uma imagem mostrava militantes suicidas parados nas portas do paraíso onde outra pessoa fala: "Parem, parem, acabaram as virgens".

Em sua defesa, Taylor disse "que sofreu abuso sexual de um padre católico quando era jovem. Ele acrescentou que não guarda ressentimentos contra membros de religiões, apenas estava
tentando converter as pessoas ao ateísmo".

É... Já não se faz mais ateus como antigamente! ((rs))

É isso!

Eu li isso...

HOLOCAUSTO: CRIME CONTRA A HUMANIDADE

MEIN KAMPF, UM LIBELO ANTI-SEMITA
"De autoria de Adolf Hitler, este livro pode ser considerado a "bíblia do nacional-socialismo", e foi escrito entre 1924-1926, na prisão de Landsberg. Em Mein Kampf o judeu é identificado com o demônio, sendo responsabilizado pela "degradação da pureza da raça ariana", o "fermento da corrupção física e moral". A doutrina racial articulada por Hitler não diferia muito daquela defendi­da pêlos racialistas (estudiosos das raças) do século XIX como Gobineau, Lê Bon, Renan e Taine. A partir das ideias pregadas por esses teóricos, Hitler pro­punha uma rigorosa seleção com o objetivo de excluir os menos perfeitos, pro­posta esta já enfatizada por Renan. Caberia ao Estado e ao partido concretizar esse Ideal. Constatamos que o concerto de "raça" é erroneamente empregado em várias passagens de Mein Kampf, da mesma forma como ocorre nas ver­sões defendidas pêlos teóricos racialistas do século XIX. Confundindo as noções básicas da Biologia (como as de espécie e de raça) Hitler defende a tese de que existe na natureza uma tendência à purificação racial. Condena o cruzamento entre as raças humanas pelo fato de este rebaixar o nível da raça mais forte induzindo-a a um retrocesso físico e mental. Com base nessa lógica propõe o extermínio dos judeus, considerados "raça" inferior: "a conseqüência final, entretanto, não é só a morte da liberdade dos povos oprimidos, mas também a morte desse parasita internacional. Após a imolação da vítima, morre, também, cedo ou tarde, o vampiro" (Mein Kampf, p. 211).
Os conceitos ariano e semita empregados por Hitler não correspondem aos mesmos adotados por Renan, cuja teoria se refere a raças lingüísticas (e não raças físicas). E os judeus, para Renan, constituiriam uma "religião" e não uma "raça", como enfatizava Hitler. Percebemos que Hitler adota a mesma antítese (arianos X judeus), acrescentando na sua argumentação sentimentos anti-semitas. Em várias passagens de Mein Kampf, Hitler "constrói" a imagem negativa do judeu a partir do parasita, figura que se presta para conceituar aquele que vive incorporado ao organismo de outros povos. Tanto assim que, segundo Hitler, o judeu nunca foi nômade: "Sua mudança de domicílio, uma vez por ou­tra, não corresponde às suas intenções, sendo resultado da expulsão sofrida por ele, de tempos em tempos, da parte dos povos que o abrigam e que ele explo­ra. O fato de ele continuar a se espalhar pelo mundo é um fenômeno próprio a todo parasita" (Mein Kampf, p. 197).
Segundo Hitler a humanidade estava dividida em três grandes categorias: fundadores, depositários e destruidores de Cultura. Classificava os arianos (raça superior) como os fundadores da Cultura da humanidade (entenda-se aqui no sentido mais amplo: arte, ciência, técnica, etc.) enquanto as "raças" intermediá­rias (os japoneses, por exemplo) seriam os depositários da Cultura. Isso porque eles tinham condições de assimilar a civilização produzida pêlos arianos. Entre os destruidores estavam os judeus e os negros (raças inferiores), apontados co­mo fator de degeneração física (biológica) e cultural" (p. 26).

Fonte:
Maria Luiz Lucci Carneiro: "Holocausto: Crime contra a humanidade". Editora Ática. São Paulo, 2000.

É isso
!