Richard Dawkins: o maior pensador da atualidade?


Numa enquete divulgada recentemente pela revista britânica Prospect, dentre os 65 nomes de supostos “principais” pensadores da atualidade, o primeiro lugar ficou para o zoólogo ateísta Richard Dawkins, autor do famigerado “Deus, um Delírio”, uma espécie de  manual panfletário para os novos ateus. Dawkins “deixou para trás” nomes tais como do  filósofo Slavoj Žižek e Mohamed ElBaradei, diplomata egípcio e ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2005. Em terceiro lugar desponta outro militante ateísta, Steven Pinker, que afirmou ser Deus apenas uma muleta para explicar o que ainda não se tem conhecimento.

Do resultado dessa pesquisa de opinião é possível destacar dois principais pontos. O primeiro, penso eu,  é o simples reflexo de um tempo no qual as referências intelectuais  que mais sobressaem para as massas sejam aquelas que mais visibilidade tem na mídia de um modo geral. O segundo ponto recai no uso da Internet como um poderoso instrumento de manipulação ideológica. Haja vista, por exemplo, que a nova vertente neo-ateísta cresce e floresce sob o universo online, especialmente as chamadas redes sociais. O “armário” do qual saem esses novos ateus são os vários computadores e dispositivos conectados à rede mundial, ou seja, a Internet. Não foi à toa que dois dos três primeiros nomes escolhidos sejam da ala militante do não-deus na atualidade. Não fora isso, seria impossível compreender como o nome do escritor Gabriel José García Márquez esteja fora desta lista de “principais pensadores”. ((rs))

Seria isso o princípio da decadência intelectual no mundo Ocidental? 

A questão talvez não seja a carência de grandes intelectuais, mas a ausência de “grandes” leitores e de bons críticos!

É isso!

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Segue a lista completa, com os 65 nomes, conforme a revista Prospect:

1. Richard Dawkins
2. Ashraf Ghani
3. Steven Pinker
4. Ali Allawi
5. Paul Krugman
6. Slavoj Žižek
7. Amartya Sen
8. Peter Higgs
9. Mohamed ElBaradei
10. Daniel Kahneman
11. Steven Weinberg, physicist
12. Jared Diamond, biologist
13. Oliver Sacks, neurologist and author
14. Ai Weiwei, artist
15. Arundhati Roy, writer
16. Nate Silver, statistician
17. Asgar Farhadi, filmmaker
18. Ha-Joon Chang, economist
19. Martha Nussbaum, philosopher
20. Elon Musk, businessman
21. Michael Sandel, philosopher (see below)
22. Niall Ferguson, historian
23. Hans Rosling, statistician
24 = Anne Applebaum, journalist
24 = Craig Venter, biologist
26. Shinya Yamanaka, biologist
27. Jonathan Haidt, psychologist
28. George Soros, philanthropist
29. Francis Fukuyama, political scientist
30. James Robinson and Daron Acemoglu, political scientist and economist
31. Mario Draghi, economist
32. Ramachandra Guha, historian
33. Hilary Mantel, novelist
34. Sebastian Thrun, computer scientist
35. Zadie Smith, novelist
36 = Hernando de Soto, economist
36 = Raghuram Rajan, economist
38. James Hansen, climate scientist
39. Christine Lagarde, economist
40. Roberto Unger, philosopher
41. Moisés Naím, political scientist
42. David Grossman, novelist
43. Andrew Solomon, writer
44. Esther Duflo, economist
45. Eric Schmidt, businessman
46. Wang Hui, political scientist
47. Fernando Savater, philosopher
48. Alexei Navalny, activist
49. Katherine Boo, journalist
50. Anne-Marie Slaughter, political scientist
51. Paul Collier, development economist
52. Margaret Chan, health policy expert
53. Sheryl Sandberg, businesswoman
54. Chen Guangcheng, activist
55. Robert Shiller, economist
56 = Ivan Krastev, political scientist
56 = Nicholas Stern, economist
58. Theda Skocpol, sociologist
59 = Carmen Reinhart, economist
59 = Ngozi Okonjo-Iweala, economist
61. Jeremy Grantham, investment strategist
62. Thomas Piketty and Emmanuel Saez, economists
63. Jessica Tuchman Mathews, political scientist
64. Robert Silvers, editor
65. Jean Pisani-Ferry, economist

Os "Ateulibans"

Por: Iba Mendes

Taliban é uma palavra árabe que designa um movimento islâmico de características fundamentalistas e nacionalistas, especialmente no Afeganistão. Dentre as ações de que se incumbe a organização, destaca-se o modo de proceder dos chamados homens-bombas, os quais, em nome de sua fé e ideais, explodem os próprios corpos, levando consigo o maior número possível de “infiéis”.

O modo radical de agir dos talibans é frequentemente atribuído à religião, como se atos terroristas fossem uma peculiaridade de crentes e religiosos. Um exemplo que destoa desta rotulagem preconceituosa, diz respeito ao movimento separatista ETA, o qual é de tendência marxista-leninista e que, também, faz uso do terrorismo como arma em defesa de seus objetivos ideológicos. 

Metaforicamente, portanto, o termo “taliban” pode ser utilizado para exemplificar o modus operandi de qualquer grupo considerado extremista, que apregoa a intolerância e o ódio na sociedade. Um exemplo recente refere-se ao movimento neo-ateísta, que se expandiu pelo mundo, principalmente, após o advento da Internet e das redes sociais.

É o principal expoente desse grupo fundamentalista o zoólogo inglês Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um Delírio”, com o qual busca provar que a crença em Deus é, na realidade, uma grande ilusão. Seu ódio contra a religião é de tal monta que chegou ao ponto de elaborar uma teoria específica para tentar explicar a propagação universal da fé, teoria essa denominada “memes”. Segundo Dawkins a fé é como o vírus da varíola, porém, mais difícil de ser erradicado. Embora diga que não ataca uma religião em especial, na prática o seu fundamentalismo é destilado mais intensamente em relação ao cristianismo e ao islamismo, o que pode ser explicado pela maior influência dessas religiões nas sociedades de um modo em geral. 

Especialmente a partir de Dawkins, surgiram em todo o mundo vários grupos de tendências extremistas, todos incumbidos ao combate dos “males da fé”. Dentre as muitas estratégias desses grupos fundamentalistas para difundir o ódio contra a religião, destacam-se as manifestações públicas, as cruzadas, os conclaves, as  passeatas, os atos blasfematórios, os programas televisivos, os espaços em jornais, a publicação de livros e, preponderantemente, a utilização da Internet, com mais ênfase para as chamadas “redes sociais”. Outra estratégia de que fazem uso para buscar apoio é a utilização do “politicamente correto”, quando se dizem vítimas de preconceitos dos religiosos, a que que denominam de "ateofobia". 

Uma característica importante dessa nova modalidade de ateísmo recai no fato de grande parte dos seus propagadores serem de idade jovem. É o tipo de ateísmo que se pode denominar “folhetinesco”, sem profundidade filosófica e baseado, sobretudo, no conteúdo da Internet, em blogs e sites dedicados ao assunto. Ao contrário do “ateísmo clássico”, que se pauta em aspectos existências e filosóficos da vida, essa nova vertente ateísta existe apenas e tão somente para combater os “males da religião”, daí ser comum por parte de seus defensores o uso dos mais variados termos torpes contra aqueles que professam algum tipo de crença. São os chamados “rebeldes sem causas”, os quais julgam que, blasfemando contra os deuses, rasgando bíblias e cuspindo nas portas dos templos, estão revolucionando o mundo. Eis aí os novos “ateulibans”... 


É isso!

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