Influência do darwinismo na América Latina

O impacto causado pelo surgimento do darwinismo na América Latina, especialmente na América do Sul, foi profundo e imediato. Por exemplo:

NA
ARGENTINA
A primeira cópia do “A Origem das Espécies” chegou na Argentina um mês após sua publicação na Inglaterra, em 1859. A teoria do paleontólogo Florentino Ameghino de que o Homo sapiens teve sua origem nesta região do globo converteu-se num poderoso instrumento de política nacional, tornando o debate evolucionista em assunto do dia. O darwinismo social na Argentina, por sua vez, foi muito bem representado por José Ingenieros, o expoente máximo das teorias de Darwin aplicadas à sociedade. Segundo Ingenieros, as sociedades humanas evoluíram conforme as leis biológicas, estando condicionadas ao meio em que estavam inseridas, de onde extraíam sua subsistência. A luta pela vida era, via de regra, a norma pela qual norteavam os problemas sociológicos, em que os “mais aptos”, ou seja, a “raça superior” tenderia a prevalecer sobre as “raças degradadas”.

NO
PERU
As teses darwinistas aplicadas à sociedade tiveram também forte impacto entre intelectuais e políticos peruanos, corroborando para justificar, por exemplo, a opressão que brancos e mestiços exerceram sobre os grupos indígenas, negros e chineses. Estas mesmas idéias fizeram parte de um planejamento para a eliminação progressiva das raças consideradas inferiores, mediante a introdução de imigrantes anglosaxões, tidos como os mais evoluídos de todo o planeta. Por trás de tudo isso residia o conceito de “seleção natural”, que proclamava o triunfo dos mais fortes. Em 1891, durante um congresso em que se discutia questões referentes à imigração, foi posto o seguinte juízo sobre os chineses: “fraco pela ignorância, pusilânime pelo tradicionalismo incásico e sem forças nem ânimo para recorrer com firmeza ao contínuo caminho do progresso”. E, sobre os hindus disse Clemente Palma em suas tese sobre “O futuro das raças no Peru”: “raça índia é uma ramificação degenerada e antiga do tronco étinco da qual surgiram todas as raças inferiores; tem todas as características de decadência e inércia para a vida civilizada. Sem caráter, dotada de uma vida mental quase nula, apática, sem aspirações, é inadaptável à educação...” (Palma: 1899, p. 15, in: “Reflexiones sobre el darwinismo social. Inmigración e colonización, mitos de los grupos modernizadores peruanos”, de Pilar García Jordán, Universidade de Barcelona.

NO
PARAGUAI
A polêmica envolvendo as idéias de Charles Darwin no Paraguai foram bem semelhantes àquelas vivenciadas na Inglaterra por ocasião da publicação do livro “A Origem das Espécies”. Os conservadores católicos mantiveram acirrados debates com anticlericais, porém, com caractérísticas próprias da região.

NO
BRASIL
Por se tratar de um país com uma população heterogênea, composta por negros, mestiços, indígenas e brancos, o debate em torno dos ideais darwinistas foram também acalorados na terra Tupiniquim. Nomes como Tobias Barreto, Sylvio Romero, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Raimundo Nina Rodrigues, entre muitos outros, tentaram implementar leis de higiene social a fim de evitar a proliferação das chamads “raças degradadas”. Em “Os Sertões”, por exemplo, Euclides da Cunha tentar justificar o comportamento rebelde dos habitantes de Canudos pela sua inferioridade evolutiva. Monteiro Lobato, um escritor muito popular, em seu livro “O Presidente Negro” fez verdadeira apologia à eugenia, realçando a necessidade de um “paerfeiçoamento” da população brasileira.

NO
URUGUAI
Eduardo Acevedo e Martín C. Martínez, ambos adeptos das teses de Herbert Spencer, buscaram aplicar na sociedade uruguaiana, e da forma mais literal possível, o conceito darwinista de “sobrevivência do mais forte”. A influência desses intelectuais foram de tal monta que contribuíram na formação da ideologia emergente do Partido Nacionalista, também chamado de o “Partido dos Brancos”.

É isso!

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